quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A AIDS, ainda que possa ser transmitida sexualmente, não é uma doença sexual. Trata-se de um vírus do sangue, que precisa entrar no fluxo sanguíneo para sobreviver.



Hoje completa uma semana que descobri ser Soropositivo. Dizer que está tudo bem e que já superei a notícia seria hipocrisia. Há uma semana eu tenho meus momentos de pranto, e isso é bom, pois são nestes meus momentos de choros intensos em que eu coloco tudo para fora e tiro um pouco o peso enorme que recai sobre minhas costas.
Assim que eu soube do meu diagnóstico, a primeira coisa que veio em minha mente foi todo aquele pessimismo apocalíptico que a mídia nos passa. Aos poucos eu estou vendo que as coisas não são assim, ainda sob lente de grau, mas estou conseguindo enxergar que nada muda, a não ser a nova condição de vida. Minha vida continuará seguindo como sempre foi, a única coisa que muda é a atenção redobrada em relação à minha saúde, coisa da qual eu não fazia antes.

Após o resultado noto que praticamos muitas atividades de liberação de ressentimento e exercício de perdão, mas, acima de tudo, dedicamos a aprender a amar nós mesmos.
O que mais me deixa receoso é o medo. – Medo do desconhecido, medo da dor, medo da morte (...), mesmo sabendo que o diagnóstico de HIV Positivo deixou de ser sentença de morte há muito tempo. Porém, ainda assim o medo surge e se instala.
Minha luta é a de não passar a imagem de ser uma pobre vítima indefesa. Tento a todo custo buscar e discutir os aspectos positivos de ser portador do vírus HIV.

Ainda não encontramos “a resposta”. Não se pode dizer a nós portadores agirmos assim ou assado, fazer isso ou aquilo que iremos nos curar. Mas sabemos que muitas coisas para nos ajudar podem ser feitas. Há terapias que para alguns funcionam e para outros não, mas há uma coisa, um tratamento único que sem sombras de dúvidas é a SALVAÇÃO da mente e do espírito; FÉ! É isso do que precisamos – FÉ!

Parece uma loucura o que vou dizer agora, mas o HIV/AIDS (ainda não sei de qual sou portador), tem sido uma oportunidade de mudar a minha vida completamente. Pois pela primeira vez eu estou entrando em contato com o amor incondicional, amor este, pela minha vida, pelo o meu corpo, a minha mente, a todos que estão a minha volta. Acredito muito que ao aprender a me amar, de uma certa forma eu estarei encontrando a minha própria cura.
Dr. Bernie Siegel diz em seu vídeo, Hope and Prayer (Esperança e Prece): “Quando uma pessoa se transforma, a nova personalidade não precisa da antiga doença”. – E é justamente assim que venho me sentindo nesta última semana.

A única esperança de encontrarmos uma solução para esse problema chamada AIDS é adotar uma abordagem positiva e amorosa. Há uma importante lição a ser aprendida por todos durante essa crise. Nada em nossa vida é por acaso, nada fica sem resposta, nada é vão, nada é castigo. Tudo o que passamos são reações das ações que cometemos, são as conseqüências das causas.
Minha Mãeroína me educou como se eu fosse a própria Chapeuzinho Vermelho, durante toda a minha vida ela sempre enfatizou termos dois caminhos a seguir, e seja qual for à decisão, as conseqüências viriam. O fato de hoje eu ser Soropositivo, não foi por falta de educação, ensinamentos e informação; se estou nesta, foi porque tomei o caminho errado. Mamãe me ensinou a seguir um único caminho até a casa da Vovó, mas teimoso como sou e com a pretensão a Super Herói, tomei o caminho contrário a mim ensinado e agora eu tenho que arcar com as conseqüências, sem praguejar, sem achar culpados, sem envolver terceiros nesta minha nova estrada. Arrependo-me de ter contado para a minha mãe, nossa vida nunca foi fácil, a dela então nem sem comenta. Ela não precisava passar por mais esta e ter que conviver com mais este problema, pois eu estou bem, forte e saudável, ela nem desconfiaria. Fui egoísta ao revelar a ela, não pensei na dor de Mãe, na dor que ela sentiria, não pensei nela; só o que fiz foi pensar em mim, no meu sofrimento e na minha dor. E esta decisão errônea da minha parte tem um preço que eu devo pagar, o preço da CULPA.

Esta culpa de filho é a única sequela que carrego, pois hoje, com uma semana após o diagnóstico, vejo que esta é uma doença da opressão e da desesperança, ou da “consciência de ser vítima”. E isso não pode acontecer, não deve haver opressão, a esperança tem de ser mantida sempre e em hipótese alguma se fazer de vítima.
O HIV/AIDS está me mostrando o quão frio e indiferente eu era.


Em uma semana eu constatei que é importante usarmos os nossos próprios poderes de cura.

3 comentários:

  1. Bacana Junnyor, andei lendo seus comentários na comu e continuarei a ler o blog.

    Força...

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  2. Nossa adorei...muito bacana mesmo, tb continuarei a visitar sempre seu blog.

    Abraços!

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