sexta-feira, 11 de setembro de 2009


São tantas coisas a desabafar, a entender, a buscar por uma resposta.

Já não sei mais o que devo fazer, como devo agir, que atitude tomar mesmo sabendo qual seria a mais cabível.


Meu relacionamento está uma MERDA, meu "esposo" fez o teste de HIV e para a nossa surpresa, deu negativo. Eu deveria estar feliz por isso, mas confesso que eu não estou. E aí eu parei para me questionar: porque não estou feliz com tal diagnóstico? Foi então que eu comecei a colocar em prova este meu amor. Será que eu o amo de verdade? Será que a minha decepção na sorologia negativa dele foi algo como um "aborto", para quem muito quiz dar o golpe da barriga? Será que eu o amo muito mais do que a mim mesmo? Eu o acuso de estar comigo por conveniência, mas será que quem está por conveniência sou eu e não ele?


Começarei do início.


Desde o meu diagnóstico até o resultado do exame dele, foram em torno de 35 dias de angustia. Na manhã do dia 19 de agosto de 2009, recebo um torpedo às 7h30 da manhã, com os dizeres:


"Amor você não vai acreditar. Deu Negativo."


Ao ler esta mensagem meu mundo caiu. Tive a mesma sensação do dia em que recebi a notícia da minha sorologia, pois os medos em relação ao nosso relacionamento voltaram.


Ao chegar em casa ele me relatou que era HIV Negativo, mas que havia dado positivo para Hepatite C. (uma coisa é fato, ninguém transmitiu nada a ninguém).


Desde então o nosso relacionamento se afundou numa crise sem tamanho.

Antes do resultado de seus exames, ele estava levando uma vida com a consciência de ser portador do HIV. Mudamos a alimentação drasticamente, havíamos parados de beber, eu larguei o cigarro e juntos, entramos na academia. Foram dias maravilhosos. Ele era carinhoso, presente, prestativo na parte sentimental e me procurava sexualmente (mesmo não havendo penetração).


Hoje, após os resultados ele voltou a ser como era antes. Não vai mais à academia, não se alimenta mais adequadamente, voltou a beber, a me ignorar dentro de casa e não me procurar sexualmente. Enquanto ele achava que era (+) estava 100% do lado, me dando força, me acolhendo, me amando (...) hoje, eu sou uma peça de vidro para ele: frio e transparente.


A cabeça dele está a mil e eu tenho esta consciência. Mas não dá mais para entendê-lo. Eu sempre o compreendi e busquei estar ao lado dele, mas agora não dá mais.




  • Ele me confidenciou que realmente não se aceita como gay. Ele sonha em construir uma família e ter filhos, mas que ao mesmo tempo não se vê nesta situação. Ele vive um conflito interno;


  • A família dele nem imagina que ele é gay e que vive um relacionamento de 3 anos;


  • Por ele viver este conflito interno, ele é extremamente apático em sexo, mas aí é que está o fio da questão: ele sente tesão por outros caras que vê na rua, na internet, tv (...) e comigo ele não sente nada. E isso não vem de hoje não, isso vem de muuuuitoooo tempo;

São tantas questões tão complicadas a se colocarem, mas que já não me vejo mais com saúde de querer contar, explicar e ou escrever!!!


Não estou feliz neste relacionamento e sei que ele também não está.

Bem verdade que ambos estamos um com o outro por conveniência.


CONVENIÊNCIA DELE: aguardar o resultado do exame que comprovará se ele é portador da Hepatite C. Caso ele seja, será comôdo ele continuar com esta vida de Hanna Montana, em dois mundos; foi como minha psicóloga disse, é gostoso viver no mundo de fantasias porque a realidade é muito difícil. E é verdade, ela tem absoluta razão. A conclusão que eu tiro disso é de: se der positivo, ele fica comigo, pois se ele tem medo de se firmar gay quem dirá um portador; se der negativo, é bem capaz de ele me ajeitar de 4 e me chutar!


CONVENIÊNCIA MINHA: medo, talvez! Antes viver ao lado dele sem amor, do que viver solteiro, sem ninguém, solitário. Não acredito em amor à distância, para mim, namorado tem que viver na mesma cidade! E ainda assim eu não acredito. E como namorarei aqui? Cidade do interior, muitos devem ser portadores, mas como descobrir? Viver uma relação sorodiscordante? Não sei se eu tenho estrutura para fazer tal revelação e sofrer uma rejeição, sem falar do risco que eu corro de cair na boca do povo.


É tudo muito complicado, não sei o que fazer.

E para somar a isso tudo, eu estou desempregado e isso está atrapalhando demais o nosso relacionamento. Ele é quem está segurando a barra de casa sozinho!!!


Minha psicóloga pediu para eu dar um tempo a ele, o mesmo disse um amigo que fiz no site RADAR; mas só eu sei que há 3 anos e meios que eu venho dando este tempo a ele.


Farei isso, tentarei dar este tempo. Mas este tempo pode ser menos do que eu imagino. A verdade é que eu já estou decidido e convicto de que o nosso relacionamento acabou e não há mais solução, pois para tal solução eu preciso nadar lado a lado, e não sozinho como venho fazendo durante este tempo todo. Eis uma decisão que não cabe somente à mim.

Um comentário:

  1. Oi Junnyor. Entendo o que você disse e estou vivendo uma situação parecida com a sua. Não sei se estou vivendo por conveniência ou ele. Só sei que tem horas que tenho vontade de chutar o balde e mandar tudo para os ares. Acho que o medo da solidão, da rejeição me fazem submeter a essa situação. O que eu poderia fazer para melhorar isso? Acho que a partir do momento que tivermos confiança em nós mesmo a coisa muda. Mas como ter esse sentimento após saber que é portador de um vírus que carrega tanto preconceito nas costas?

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